Prefeitura prioriza orla enquanto Jaraguá está aos escombros

As belas praias, os coqueirais, as avenidas largas, os restaurantes e bares que acolhem turistas e nativos. Com todos os seus encantos, a orla de Maceió enfeitiça a maioria dos alagoanos e por isso mesmo tem sido a “menina dos olhos” de todos os prefeitos da capital – ao menos nos últimos 30 anos.
Com Rui Palmeira não será diferente que decidiu nomear um gestor para cuidar caprichosamente da orla. A novidade foi anunciada pelo prefeito, nesta sexta-feira, 20, em reunião com representantes da ABIH-AL – associação que reúne os donos de hotéis da capital.“O gestor será meus olhos na orla da cidade. A prefeitura também vai colocar na orla uma equipe de Assistência Social e de fiscais da SMCCU para junto ao gestor encontrar soluções e sanar os problemas”, disse o prefeito.A iniciativa do prefeito é boa.  Melhor seria, claro, que também fossem nomeados “gestores” para outros locais não menos importantes para os moradores da cidade e para os turistas do que a orla.
É o caso do Centro e Jaraguá, locais que deveriam ser tão importantes para o turismo quanto as praias, embora nem a prefeitura nem os donos de hotéis enxerguem isso.
Mesmo contra lógica, o turismo de Maceió continua vivendo quase que exclusivamente das nossas praias. Que o digam os artesãos da praça Sinimbu e do Mercado do Artesanato.
Um bairro à beira do “tombamento”

O caso de Jaraguá é emblemático. Na era Kátia Born /Ronaldo Lessa o bairro era ponto de encontro artístico e cultural, reunia artistas, boêmios e virou um importante centro empresarial.Tombado pelo patrimônio histórico, o bairro hoje está fora da rota da gestão municipal e vive hoje sobe a ameaça do “tombamento” como diz um amigo que trabalha na região: “corre o risco de uma parece tombar na cabeça da gente”.Não bastasse a recente transferência da sede da prefeitura, que funcionava em Jaraguá, para a Pajuçara, o bairro histórico tem alguns casarões ameaçando desabar na Sá e Albuquerque, as calçadas estão esburacadas e tem sido “invadido” por moradores de rua, flanelinhas e dependentes químicos.
A Associação Comercial de Maceió, cujo prédio simboliza a imponência de Jaraguá, silencia inexplicavelmente diante do abandono do bairro .A defesa vem diretores de entidades que funcionam no bairro – é o caso da Asplana (Associação dos Plantadores de Cana)  e Coplan (Cooperativa dos Plantadores de Cana) lamentam a mudança da prefeitura do local.
“Vamos nos movimentar e pedir que o prefeito olhe por este bairro. Do jeito que está, corremos risco de um acidento com desabamento de um prédio ou de sermos abordados, como é comum, por marginais. É preciso que se olhe para Jaraguá”, defende o presidente da Asplana, Lourenço Lopes.Orla de Maceió vai ganhar gestor Os empresários do setor hoteleiro aprovam, é claro, a iniciativa da prefeitura. Eu também aprovo, claro, até porque moro na Pajuçara. Mas o fato é que acredito que existem outras prioridades.


Edivaldo Júnior
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