Jaraguá: o futuro promissor que não veio para o bairro/Bairro chegou a ser revitalizado na década de 90, mas projeto foi abandonado
Um crescimento vindo do mar. Assim pode
ser definido o surgimento e a expansão do bairro do Jaraguá, que traz em sua
arquitetura a história de Maceió. Em espaço privilegiado, entre o Centro,
Poço e Pajuçara, a comunidade foi se formando muito antes do desenvolvimento de
Maceió. Na época, a capital ainda era a cidade de Marechal Deodoro, mas aos
poucos, com a vinda de algumas repartições públicas houve a
transferência. Jaraguá é um bairro de grandes tradições, local que foi
moradia dos antigos senhores de engenho, proprietários dos enormes casarões, e
também espaço que abrigou pescadores.
Em 1818, Jaraguá era considerado um lugar de “futuro promissor”, quando
foram sendo erguidos os primeiros armazéns, sobrados, junto com a Igreja de
Nossa Senhora Mãe do Povo, construída pelo português Antonio Martins. Mesmo nos
séculos passados, a realidade de contraste era presente na comunidade. De um
lado foi se formando os prédios com arquitetura portuguesa e do outro a aldeia
de pescadores, que chamava atenção de quem passava pelo local. Entre o meio
termo sempre esteve o Porto de Maceió, que gerou riquezas para aqueles senhores
e emprego para os trabalhadores locais, e também deu origem ao nome de Jaraguá.
Foi de lá que desembarcaram grandes figuras, como o primeiro governador
do Estado de Alagoas, Sebastião Francisco de Melo. O desenvolvimento e as riquezas
eram evidentes, e com isso veio à expansão do comércio. Os galpões de açúcar
deram espaço ao mercado varejista, com lojas de variedades, como artigos para o
lar, peças de automóvel, sapatarias, padarias, farmácias e outros
estabelecimentos. Das décadas passadas, o comércio do Jaraguá, que já disputou
espaço com o Centro da capital, continuou vivo, porém em eminência de fechar
suas portas. Desde a sua fundação, o bairro passou por algumas
modificações, mas sempre carregou consigo o aspecto de abandono. A Igreja de
Nossa Senhora Mãe do Povo passou muito tempo de portas fechadas, sem a visita
de fiéis e sem apoio público para manter sua estrutura.
No século XX veio a decadência do bairro. Na década de 90, a
revitalização, promovida pela Prefeitura de Maceió, trouxe de volta ao bairro
um pouco de vida, com a restauração de ruas, casarões e prédios. Quem era
adolescente na década de 90 viveu bons momentos no bairro de Jaraguá com os
espaços de diversão e lazer que foram instalados. Poucos resquícios sobraram e
a movimentação da Igreja foi um deles. O templo atualmente é disputado pelas
noivas para realização de cerimônias de casamento. Mesmo com o investimento do
setor público e da iniciativa privada, o bairro se tornou um lugar sombrio à
noite.
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