Osman Loureiro foi nomeado interventor
Alagoas,
mudar par quê?
Ainda em 34, Osman Loureiro foi nomeado interventor. Mesmo sendo genro de
Edgar de Góes Monteiro e bem aceito pelos setores tradicionais, dada a sua relação
com o mundo do açúcar, sua nomeação não contou com o apoio do poderoso general
Góes Monteiro, que temia pelo envolvimento direto de sua família na política alagoana. A indicação de indicação de Osman
Loureiro foi feita por Getúlio e seu papel era o de conciliar a aristocracia
alagoana. As eleições de 34 puseram fim à acomodação inicial. A manobra de
coalizão com, os decaídos desagradou os afonsistas. Silvestre Péricles, um dos
Góes Monteiro e também militar. Foi o porta-voz dos descontentes. Em torno de
Silvestre aglutinaram-se os desafetos de diferentes origens, destacando-se
Fernandes Lima e Baltazar de Mendonça.
As eleições de 34 tiveram caráter de constituinte. Os conservadores foram
os grandes vencedores. Apesar disso, as forças democráticas saíram fortalecidas.
Silvestre Péricles e seu populismo de direita se afirmaram como alternativa ao
blocão conservador. A Ação Integralista Brasileira, movimento autoritário,
nacionalista e anticomunista, apoiado por segmentos do clero alagoano da época,
elegeu Emílio de Maia deputado federal. As eleições de Lily Lages, jovem
médica de origem aristocrática e de Rodrigues Meio, intelectual negro, filho de
escravos, para o parlamento estadual, são fatos que merecem destaque.
Em 1935, às
vésperas da eleição que escolheria por via indireta o governador
constitucional de Alagoas, os ânimos se exaltaram e a violência foi inevitável.
Em 7 de março, um conflito no Hotel Bela Vista deixou vários feridos
fatalmente, entre eles o deputado Rodolfo Lins. Osman Loureiro, conforme o
esperado foi eleito governador pela Assembleia Constituinte. Entre as
realizações da fase de Osman Loureiro destacam-se: a fundação do primeiro posto
de saúde pública de Maceió, a construção do Hospital de Tuberculose (Sanatório)
e a inauguração do Cais do Porto, em Jaraguá.
No livro
Episódios da História de Alagoas, o professor Álvaro Queiroz nos faz um relato
bastante esclarecedor sobre a realidade alagoana da época:
"À margem das disputas
políticas das elites oligárquicas, a classe operária e o povo empobrecido e
sofrido continuavam a sua luta histórica pela sobrevivência. Os ferroviários alagoanos
que trabalhavam na Great Western realizaram uma paralisação geral, em
novembro de 1935. A greve, que teve caráter específico, visava basicamente
melhorias salariais, pois a empresa inglesa negava-se intransigentemente a
aumentar os salários de seus servidores. A greve recebeu o apoio de outros setores
da classe operária e teve um desfecho favorável aos trabalhadores.
Ademais, os indicadores sociais do estado de
Alagoas, neste período eram os piores possíveis. Em municípios como Atalaia,
Murici e União dos Palmares, apenas dez por
cento das famílias comiam frutas e verduras, e apenas cinco por cento bebiam
leite. Mais de 80 por cento da população eram analfabetos. “Em Murici havia 300
casas fechadas, pois as famílias haviam embarcado para São Paulo, no sonho
quimérico de melhores dias” (QUEIROZ, 1 999: 1 03).
Em 37, com a instalação do
Estado Novo, a Câmara, o Senado e as assembleias estaduais 'foram fechadas. Na
primeira etapa da década de 30, o governo procurou moldar o movimento sindical.
Sindicatos e federações foram criados sob o manto do governo. As greves, porém,
acontecem com independência. Entre as reivindicações da época destacam-se a
luta pela garantia da jornada de oito horas de trabalho, por melhores
condições de trabalho e por melhores salários. O setor têxtil era a principal força mobilizadora. Em Fernão Velho e Rio
Largo localizavam-se os principais focos da justa rebeldia operária. Na segunda
etapa, a repressão promovida pela ditadura de Vargas aos movimentos sociais foi
intensa, especialmente ao movimento sindical e aos comunistas. Nesse período,
aconteceram prisões e até deportações de Alagoanos
Ismar de Góes
Monteiro (1941-1945) substituiu Osman Loureiro. Em sua gestão combate a violência
e a impunidade. Outra tarefa importante foi a de implementar a fiscalização
das leis trabalhistas. Para as duas graves tarefas trouxe assessores de outros
Estados. Ari Boto Pitombo, delegado do Distrito Federal, assumiu a Secretaria do Interior e Justiça. Muniz Falcão,
funcionário do Ministério do Trabalho, foi indicado delegado do Trabalho. Na
queda de Getulio, Ismar é substituído por Edgar de Góis Monteiro na
interventoria, que fica por um ano. O jurista Antônio Guedes de Miranda o
substituiu.
Prof.. Luciano Cavalcante.
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