Iphan faz escavações no Alto da Forca em Porto Calvo
Foi no Alto da Forca, em Porto Calvo, que, em 1635, Domingos
Fernandes Calabar, controvertido personagem da História do Brasil, foi morto
por garroteamento. Acusado de traição pelos portugueses, ele só seria alçado à
condição de herói nacional séculos depois de sua morte. O local também ficou
conhecido com o Alto da Força, por existir ali uma fortificação portuguesa que
guardava a freguesia dos invasores holandeses.
Na área onde possivelmente havia a fortificação, palco da
morte horrenda de Calabar, existem, na atualidade, casas e o Hospital Municipal
São Sebastião. Nenhum resquício aparente daquela época se encontra à vista para
contar história. Em buscas de sinais, arqueólogos contratados pelo Instituto
Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) iniciaram, esta
semana, as escavações no terreno.O trabalho faz parte do projeto desenvolvido por meio de
convênio entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Arqueóloga
Pesquisas (empresa contrata pelo Iphan/AL) e prefeitura municipal de Porto
Calvo. É coordenado pelos arqueólogos Veléda Lucena e Marcos Albuquerque, o
mesmo que comandou os trabalhos arqueológicos que descobriram, em 2000, no
Recife, a primeira sinagoga das Américas.
As sondagens em Porto Calvo tiveram início em maio do ano
passado, mas foram suspensas um mês depois por conta das chuvas. As escavações
só seriam retomadas em fevereiro deste ano. Segundo o arqueólogo Marcelo
Milanez, o projeto foi prorrogado por mais 60 dias e vai se estender de Porto
Calvo a Porto de Pedras, no Litoral Norte de Alagoas.
Memorial
Calabar retrata a cena do garroteamento
“Relatos e dados bibliográficos daquela época (das invasões
holandesas) nós temos muitos, mas faltam vestígios, algo físico para que
possamos aprofundar os estudos arqueológicos e resgatar essa história. É disso
que estamos atrás”, afirmou Milanez.
Segundo ele, já foram feitos cortes às margens dos rios
Manguaba e Comandatuba, bem como em áreas que serviram de portos naquela época.
“Por enquanto, ainda não encontramos nada. Não há muita
resistência ao nosso trabalho por parte da população, mas muita coisa se perdeu
ao longo dos anos por causa de edificações irregulares e de intervenções aleatórias
no solo de uma cidade que é histórica”, lamentou Milanez.
Na área onde existiu o Alto da Forca, em frente ao Hospital
Municipal, a prefeitura construiu o Memorial Calabar. São esculturas em cimento
que representam a cena do garroteamento sofrido por Domingos Fernandes. O local
é aberto e pode ser visitado a qualquer hora do dia.
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