Costa Rego um Governo Renovador e Autoritário.

Costa Regopilarense radicado no Rio de Janeiro, em 1924, e do palmeirense Álvaro Paes, em 1928, assinalam o aparecimento dos primeiros governadores urba­nos em Alagoas, e retratam a mudança da socie­dade, agora com forte influência urbana.

Costa Rego fez um governo renovador e autoritário.

Renovador porque cortou certas amarras com o sistema antigo, mandando invadir as fazendas de poderosos fazendeiros que homiziavam criminosos procurados pela polícia, verdadeiros feudos que se mantinham acima da lei e da justiça. Igualmente por decretar uma guerra sem quartel contra a violência, o roubo, o homicídio, o banditismo que grassava no sertão, o jogo de bicho, a corrupção consentida.
Tentou colocar o Estado como uma entidade acima das injunções patrimo­nialistas, o favoritismo, a interferência nociva da política na administração pública.


·         Organizou e priorizou a instrução pública.
·          Construiu pontes e cadeias.
·          Elaborou o projeto do cais do porto de Jaraguá e renovou o aparelho policial.
·          Autoritário e truculento, como nos bons tempos, a propósito de salvaguardar a autoridade governamental não respeitaram sequer a imprensa, de onde saiu e retornou após o período governa­mental. De qualquer forma, é tão marcante, tão forte, a sua passagem no Palácio dos Martírios que sua gestão é conhecida até hoje como Os tempos de Costa Rego.


E conveniente destacar, ainda, o rompimento com Fernandes Lima, patrono de sua candidatura. Pavio curto, Costa Rego achava que o dever de gratidão com o seu antecessor não mereciam o preço de sacrificar seus princípios. Desse rompi mento houve algumas consequências, como a ten­tativa de morte contra ele, que serviu para fortale­ce-Io no governo e cuja autoria intelectual foi.
Atribuída aos correligionários de seu antecessor.


 A população se dividiu, Fernandes estava no fim de seu ciclo histórico. Outra consequência foi à demissão do conceituado prefeito de Maceió, Moreira Lima, por ter se solidarizado com o ex-governador na implacável perseguição que sofrera após o episódio.
A década de 20 também se apresenta como uma das mais florescentes para a vida política, econômica, social e literária de Alagoas. Há um ciclo novo se formando que cul­minará em 1930 com o advento dos ideais tenentistas. A vida social era ativa; havia festas de arte, saraus familiares, com números de música, e farta mesa de doces, sequilhos, bolos de goma, creme, além de refrescos de maracujá, vinho e jenipapo e licor de cacau. Os festivais sucediam-se. Nos pro­gramas musicais, a moda era cantar os autores italianos. Apesar de ser um período de intensa agitação social, a política não inibia a vida social. Até a mulher já declamava sonetos em público, como Rosália Sandoval, e criavam-se clubes e sociedades literárias que discutiam as inovações do movimento modernista e suas querelas com os parnasianos e escolas tradicionais.
Costa Rego formou um grupo aguerrido e soli­dário, principalmente entre os intelectuais, chama­do de Os amigos de Costa Rego, que se dispunha a lutar pelas idéias do político e jornalista pilarense.

Fez o; eu sucessor, tirado desse grupo, outro jornalista, Álvaro Paes. Desde a gestão ante­rior assistia-se no cenário nacional a continuação, de forma acelerada,

De sucessivos movimentos de rebelião armada, em vários pontos do país. A nova gestão era, sem rodeios, uma continuação da anterior. Ele próprio o declarara, em mensa­gem: "Sinto necessidade de repetir que Alagoas começa verdadeiramente a ter governo no qua­triênio de Costa Rêgo. Alguns de seus antecessores trabalharam, esforçaram-se em obter boa e honesta arrecadação de rendas públicas, outros por construir alguma coisa que ficasse. Mas governo não é só isso, governo é arrecadar, constituir, policiar, estabelecer o império da lei etc.". Álvaro era um jornalista com aguda sensibilidade sociológica. Denuncia o esvaziamento dos cam­pos e o superpovoamento das cidades, vislum­brando os enormes problemas sociais que advi­riam.

Na sua gestão teve lugar

·          À expansão das cooperativas de crédito.
·          A criação do Banco Popular e Agrícola de Alagoas.
·         A instalação do primeiro órgão de pesquisas e análises na Escola Agro técnica de Satuba, o incentivo à avicultura e à fruticultura, principalmente a produção de pinhas. Apesar de jornalista, como os seus ante­cessores, suas relações nem sempre foram amisto­sas com a imprensa, também.

O quadro nacional agitou-se com a determinação de Washington Luís em indicar Júlio Prestes, seu conterrâneo, rompendo o grande acordo da política café com leite, a aliança São Paulo - Minas. Surge a Aliança Liberal. Segue-se a quebra da bolsa de Nova York com nefastos refle­xos econômico, social e político em todo o mundo. A economia alagoana sofre. A derrota da chapa oposicionista não convence e as acusações de fraude sacodem o país. Com o assassinato de João Pessoa em 26 de julho, numa confeitaria do Recife, eclode um movimento revolucionário. O Presidente da República reluta, mas é obrigado a renunciar.

Em Maceió, no dia 9 de outubro, um avião sobrevoa a cidade soltando boletins, através dos quais convocava a população a apoiar o movimento revolucionário.

Apesar dos desmenti­dos do Palácio dos Martírios, de que tudo estava bem e sob controle, a população desconfia de que havia algo mais no ar além de aviões de car­reira. No dia seguinte, constata-se que a Revolução chegara a Alagoas, com o afastamento do governador Álvaro Paes. E interessante a nar­ração de Carlos de Gusmão, secretário de Governo, do último passeio do governador Álvaro Paes na Rua do Comércio. "Ao entardecer, saímos eu, José Lins do Rego e Quintela Cavalcanti do Palácio do Governo, quando Álvaro Paes nos disse que também iria passear em nossa companhia. Saímos os quatro e um pouco adiante a nós se junta Jorge de Lima. A pé andamos até o fim da então Avenida da Paz, em Jaraguá. O governador ia despertando a atenção. A sua passagem repetiam-se saudações, cortesias, chapéus tirados das cabeças, e a todos correspondia risonhamente o Chefe de Estado. Nós, do grupo governamental, íamos conversando, pilheriando, como se estivéssemos a fazer o footing de um governo novo. No entanto, estáva­mos chegando ao fim. Poucas horas depois, ao passarmos pela Rua do Macena, vimos no fundo do Palácio dois carros e um caminhão com malas. Era a fuga. Em verdade, uma coisa triste, que eu nunca esqueci".

Grande final de uma atribulada década, de uma estrutura política vinda dos primórdios da República. Declínio das oligarquias e presença de forças novas, novas classes e aspirações e independência e vitória da cidade.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas