Os Governos : Batista Acioli e Fernandes Lima
O fim da era dos Malta é erroneamente considerado como o fim das
oligarquias em Alagoas. Não é verdade.
Há uma continuidade do sistema, com as
peculiaridades da nova época. Com Fernandes Lima consolidam- se as bases de uma
nova estrutura oligárquica. Os proprietários do norte açucareiro alcançam a hegemonia do sistema.
O fenômeno oligárquico é
complexo. Sai o caudilho de Mata Grande, entra o caudilho do Passo. Não
esqueçamos que, na oposição, Fernandes Lima combateu, sem tréguas, o mecanismo
da reeleição e, ao chegar ao Governo, passou a' fazer aquilo que combatia nos
Malta. Quando a conjuntura econômica favorável cessa e a questão social aflora
nos anos seguintes a I
Guerra, vamos ter o endurecimento do regime, reprimindo duramente as greves dos
operários do porto em Jaraguá, reprimida pelo secretário Castro Azevedo numa
aliança incrível com o arquiinimigo Euclides Malta, para combater o espantalho
socialista que começa a aterrorizar o bem comportado mundo da belle époque.
O sucessor
de Clodoaldo da Fonseca é Batista Acioli, já que o vice anterior estava impedido legalmente de inscrever sua candidatura, apesar de infrutíferos
esforços de seus amigos que não aceitavam a proibição. Batista foi lançado pelo
grupo situacionista enfrentando uma candidatura rival, mas sua vitória foi
questionada.
Acioli. Após
muita controvérsia, viu parar a questão nas barras dos tribunais, chegando a
ter Alagoas uma esdrúxula dualidade de poder. Batista confirmou sua eleição e
enfrentou um período difícil, governando
de 1915 a
1918, com atraso no pagamento do funcionalismo, escassez de recursos e outros
problemas, sobretudo os de abastecimento decorrente da eclosão da grande guerra
na Europa.
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A sua gestão assinala a construção do grupo
Escolar Diegues Júnior, na Pajuçara.
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A construção de uma estrada de rodagem ligando à
atual Marechal Deodoro a São Miguel dos Campos.
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Era o prenúncio da era rodoviária que seria
deflagrada por Fernandes Lima que também influenciaria no projeto Rumo aos
Campos, invertendo a política de priorizar a capital.
Batista, sisudo proprietário de
terras de Maragogi, onde tinha engenho, deixou uma imagem de governante
austero e zelador do equilíbrio fiscal, apesar de todos os problemas que
enfrentou. Cioso de suas prerrogativas, não quis dar mostra de vassalagem e fraqueza ao líder camaragibano, inegavelmente a grande força política desde o episódio
de 1912, chegando a uma posição de atrito constante: com o mesmo e a um
rompimento que gerou séria crise.
Fernandes Lima Foi eleito em
1918, sucedendo Batista Acioli e foi reeleito em 1924. Coisa rara no mundo
político de hoje, durante a vigência de sua vida pública sempre exerceu o
mecenato e procurou prestigiar a intelectualidade da terra. Alagoas se fazia
representar nos principais eventos culturais do país. Publicou livros como
Terra das Alagoas, documentário editado em Milão. Ordenava a comemoração das
grandes datas nas escolas. Maceió se engalanava para celebrar fatos como a
assinatura do Tratado de Versalhes O aterro de Jaraguá tornou-se palco dessas
festas, passando a chamar-se, por conta da celebração do fim da guerra, Avenida
da Paz. Incentivou vocações artísticas, prestigiou as artes e concedeu bolsas
de estudo para aperfeiçoamento nas artes plásticas.
Escolhia nomes como Moreira e Silva para representar Alagoas nos
Congressos Brasileiros de Geografia, com a missão de defender nossos limites
territoriais. Prestigiou a Academia
Alagoana e Letras, fundada em sua gestão, e o Instituto Histórico e Geográfico.
Como tinha
veleidade literária, nunca esqueceu as instituições culturais. O prédio atual
do Instituto Histórico foi obtido em sua gestão, mesmo sendo iniciada a sua
aquisição no período de seu grande adversário Euclides Malta.
Com seus dois sucessores na República Velha, era
jornalista, com presença permanente nas colunas da imprensa. Ressalve-se que
essa relação não implicava necessariamente, em relações amistosas com as
empresas jornalísticas. Procurava recrutar seu quadro de assessores no efervescente
mundo cultural de então. Vários deputados, senadores e dirigentes públicos por
ele apoiados eram integrantes das instituições culturais como Jorge de Lima,
Povina Cavalcanti e Demócrito Gracindo que foram trazidos para o parlamento
estadual pelas mãos de Femandes Lima. Foi revolucionário no sentido de governar
para o interior. Rumo aos Campos era o slogan de seu governo e se mostrava como
a prioridade de sua administração. Foi o iniciador do ciclo rodoviário em
Alagoas, resolvendo o problema de ligação entre a capital e os municípios
litorâneos do interior. Favorecido pela conjuntura econômica do Estado ampliou
fortemente as fontes de receita do Erário. Reabilitou a vida econômica do
Estado e administrou, no primeiro governo, uma era de razoável prosperidade.
Construiu várias escolas, dotando-as em prédios confortáveis. Em 1924
foi substituído por outro jornalista de temperamento tão forte quanto ele, o
pilarense Costa Rego.
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